Espanha busca por corpos em cenário de 'terra arrasada' após pior enchente do século que deixou 95 mortos
Dezenas ainda estão desaparecidos após enchentes na região de Valência, e número de mortos deve aumentar nesta quinta (31). Governo espanhol foi criticado por não mandar avisos prévios de inundação. Espanha: chuva mais forte do século no país deixa mais de 90 mortos e causa danos
Em cenário de "terra arrasada", o estado de Valência, no leste da Espanha, busca por corpos de vítimas das enchentes repentinas que atingiram a região desde terça-feira (29), que causaram o pior desastre do século XXI no país e deixaram 95 mortos.
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O número de vítimas ainda deve aumentar nesta quinta (31) e passar de 100, porque dezenas de pessoas seguem desaparecidas. O ministro dos Transportes e da Mobilidade espanhol, Óscar Puente, disse que ainda há corpos presos dentro de carros atingidos pelas enchentes.
As enchentes, provocada por chuvas torrenciais deixaram um rastro de destruição, e exigiram esforços de resgate para atender a população afetada em diversos municípios no leste do país. A cidade de Valência, a terceira maior cidade da Espanha, foi muito afetada, principalmente a região sul. Vários municípios ao redor da cidade foram afetados, e em alguns deles, como Turís e Utiel, choveu o esperado para o ano inteiro. (Leia mais abaixo)
A força das águas arrastou carros, transformou ruas de vilarejos em rios e interrompeu linhas ferroviárias e rodovias. Uma ponte foi derrubada pela força da correnteza de um rio em Picanya e uma mulher foi resgatada de helicóptero com um cachorro no colo e a água batendo em seu pescoço em Utiel, a oeste da cidade de Valência.
Passada a calamidade inicial, surgiram questionamentos sobre se as autoridades espanholas poderiam ter feito mais para salvar vidas. O governo regional está sendo criticado por não enviar alertas de enchente para os celulares das pessoas até as 20h de terça-feira, quando as enchentes já haviam começado em algumas áreas.
Após chuvas torrenciais, pilha de carros e lama tomam estrada nos arredores de Valência, na Espanha, em 31 de outubro de 2024.
Reuters/Eva Manez
A costa mediterrânea da Espanha, onde a cidade de Valência está localizada, está acostumada a tempestades de outono que podem causar enchentes, mas esta foi a enchente mais poderosa a atingir a região nos últimos tempos. Cientistas relacionam o evento às mudanças climáticas, que também estão por trás do aumento das temperaturas, secas na Espanha e do aquecimento do Mar Mediterrâneo.
Com danos que lembram um forte furacão ou tsunami, as tempestades e enchentes que atingiram a região de Valência são as piores registradas neste século, segundo a Agência Estatal de Meteorologia espanhola (Aemet). A agência disse ainda que o impacto foi maior que as enchentes de 2019 e comparável aos dois grandes temporais dos anos 1980: a chamada enchente de Tous, em 1982, e outro em 1987.
Mulher é resgatada com cachorro no colo e água no pescoço em enchente na Espanha
Ponte é destruída por forte correnteza de rio durante tempestade na Espanha
Pior enchente do século na Espanha
Carros empilhados em rua de Valencia após inundação em 30 de outubro de 2024.
AP Foto/Alberto Saiz
Uma enchente repentina em Valência, na Espanha, deixou mais de 70 pessoas mortas, segundo informam as autoridades locais nesta quarta (30).
Meteorologistas espanhóis relacionam o aumento da temperatura do mar Mediterrâneo com a intensidade das chuvas — Valência fica na costa mediterrânea da Espanha. O serviço meteorológico regional da Catalunha emitiu um alerta vermelho para a área ao redor de Barcelona, alertando sobre ventos fortes e granizo.
As tempestades levaram as autoridades nas áreas mais atingidas a aconselhar os cidadãos a ficarem em casa. O presidente regional do leste de Valência, Carlos Mazón, disse nesta quarta que algumas pessoas permanecem isoladas pelas enchentes.
“Se os [serviços de emergência] não chegaram, não é por falta de recursos ou disposição, mas por um problema de acesso,” disse Mazón, acrescentando que alcançar certas áreas era “absolutamente impossível.”
Enchentes deixam 51 mortos em Valência, na Espanha
O presidente Lula desejou solidariedade ao povo espanhol e pediu união na luta contra as mudanças climáticas. "As imagens das chuvas na Espanha causam espanto e nos unem em solidariedade aos espanhóis. Até o momento, mais de 60 pessoas morreram após as enchentes no sul e leste da Espanha. Os efeitos da crise climática são devastadores e têm atingido o Brasil e outros países. Precisamos de mais unidade nas ações entre os países do mundo para frear seu avanço", afirmou Lula em publicação no X.
Vídeos compartilhados nas redes sociais durante a noite mostraram pessoas presas pelas águas da enchente e outras em árvores para evitar serem levadas pela correnteza.
Um trem de alta velocidade que tinha quase 300 pessoas a bordo descarrilou perto de Málaga. Autoridades locais não relataram feridos. O serviço de trens entre Valência e Madri foi interrompido, assim como outras linhas na região.
A agência meteorológica estatal espanhola (Aemet) declarou alerta vermelho em Valência. As tempestades devem continuar até quinta-feira (31), de acordo com o serviço meteorológico nacional da Espanha.
A Espanha ainda está se recuperando de uma seca severa no início deste ano. Cientistas dizem que o aumento de episódios de condições extremas provavelmente está relacionado às mudanças climáticas.
Trilho de trem em Picanya, perto de Valencia, na Espanha, após passagem de chuvas torrenciais, em 30 de outubro de 2024.
Jose Jordan/ AFP
Homem caminha sobre lama em Picanya, perto de Valencia, após região ser atingida por chuvas torrenciais, em 30 de setembro de 2024.
Jose Jordan/ AFP
Carros empilhados no bairro de La Torre, no sul da cidade de Valencia, em 30 de outubro de 2024.
Alberto Saiz/ AP
Chuvas torrenciais em Valência, na Espanha, provocaram o desabamento parcial de ponte sobre rio no dia 30 de outubro de 2024
Eva Mañez/Reuters
Rua inundada com carros destruídos após enchentes em Valencia, na Espanha, em 30 de outubro de 2024.
AP Foto/Alberto Saiz
Temporal destruiu fábrica de móveis em La Alcudia, na região de Valência, na Espanha, no dia 30 de outubro de 2024
Eva Mañez/Reuters
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